Cada um tem o seu eu interno individualizado, e tenta viver com privacidade, eu quis conhecer os outros, e ver as pessoas, hoje as pessoas não me surpreendem, as pessoas às vezes até me enojam, hoje eu consigo até viver sem pessoas, eu diria até que não precisaria de tantas pessoas, e eu poderia eliminar algumas, poderia tirar elas do existir que tanto incomoda... Muitos dariam tudo ... Para viver, e o viver não nos pertence direito, até se pode controlá-lo, mas só um pouco, ele nos fere sempre com a morte, e às vezes é sem querer, eu até entendo bem essa de viver, mas não sei fazer direito, tudo roda ao avesso.
Eu descobri que desde sempre eu tenho seguido em sentido anti-horário, como se eu estivesse ao contrário da maré, e as ondas me empurram e batem, eu fujo da vida.
As coisas erram sua existência como se não soubéssemos segurar, quebramos a vida como porcelana, cacos se espalham sempre.
Hoje eu não quero mais ver o sol com tanta freqüência, eu prefiro os dias de chuva, mas prefiro-os dentro de uma caixa, e prefiro só o cheiro, da pracinha com folhas castanhas, na chuva, é bem mais preferível.
As pessoas erram você, te confundem, elas não sabem que você é tudo o que elas precisam, mas você é, e você talvez até saiba, mas nem sempre sabe.
As pessoas buscam nas outras pessoas alguma coisa, e eu digo, não há mais nada pra achar em uma pessoa, prefiro ser meio Sophia, prefiro a noite, o silêncio, e o barulho do cigarro, só o barulho, se eu tivesse uma máquina que fumasse cigarros doces, e deixasse o ambiente doce e perfumado com barulho de brasa queimando, sendo bituca, não tenho.
Meu oceano agora é seco, e os peixes ainda nadam. Sobre mim as sombras das baleias, o canto de sete sereias, todas elas com cabelos embaraçados, todas drogadas nas rochas, com suas caldas longas e negras, os crustáceos me rodeiam e planejam me fazer de alimento, eu sou neutro, e vejo até a voz da lua, gritando um sopro antigo, na antiguidade do sistema.
Eu até sei uma canção, mas ela me derruba, eu planejo só ouvi-la, muda em mim.