25 de fevereiro de 2013

Para ler de levinho



               Meu maior problema é o silêncio, por isso que eu grito, me haja fôlego e pregas vocais para tanto grito, tenho gritado desde os todos anos que tive, é como se fosse um grito que tive a partir do parto, e não me tivesse faltado fôlego para mantê-lo até o fim da vida, em todo o tempo, tudo atrapalhava esse grito fino e mesmo assim, continuou, pior que qualquer bossa; A qualquer momento me faltará voz para tanto grito, desmotivo.
                As piores vezes  são quando meu grito não é o suficiente, daí eu canto, cantar incomoda, sempre incomoda, meu cantar gritante é alto e incomoda, meu canto vai tirar seu sono, muitas e muitas vezes, pois é no teu sono que meu canto é.
                E eu sou completo, sinto-me como uma bolha, e luminoso eu explodo em um outro grito, e não sei nunca quando parar.
                E isso tudo devo à minha fobia de silêncio, não lido bem com o silêncio, nem gosto.
                Sinto que estou enlouquecendo, muito.
                Que se me amar agora, só agora, saberei que você pode me amar para sempre, pois só agora eu sou o eu que sou, e só agora eu posso dizer com verdade que odeio quase tudo, e que sei me amar, mesmo com todo o ódio que tenho de mim, e só agora como estou de toques, como estou assim de toques e por toques, só agora eu sei que ... sou difícil de chegar e quando chego a vontade que tenho é um choro contido e me dói, me dói muitíssimo e eu não sei os caminhos, mas as vezes chego a saber que não há caminho nenhum e que eu não sou de importância maior só por chegar no meu transe significado, mas, espero sempre alguma coisa que me tire do levitado ar que beijo, que me apague as frustrações que tenho da vida curta, que levei sem muito.
                E me tenha logo nos braços e suspire, se encha de mim pois eu sou ar, se entupa de meu existir pois sou agora melhor do que nunca mais serei, e só chego aqui sozinho, e só chego aqui sem companhia maior, só chego aqui quando não tenho mais ninguém para depositar tão imensa admiração que tenho das coisas, e deposito em mim, por pura falta de opção e deposito em mim, e é muito disso que sou, quase nada, mas sou.
                Estou pedindo para que me distraia da vida, pois sim, isso que sinto é a vida, a vida em poeira que me arde os olhos agora, que me dói, que de tão real se dissolve nas paredes de um tempo infinito, deixando passar,  me faz vontade de choro, e peço que me tire da vida, que me distraia novamente e assim eu volto, e ao voltar serei mais uma vez, infeliz de significados, e peço que me deixe ser isso, que me volte para tão infinito desgosto, pois assim que eu estiver, nunca perceberei que me era tão cruel a vida, assim como sei que estar onde estou nesse momento poeira, me dói, me dói, e eu sou covarde demais para conseguir ficar, me tire, me tire de qualquer realidade que vivo ou me deixe ouvir aquela canção, aqui onde estou, os sons estão apagados e eu não sei ouvir, aqui onde estou eu procuro a luz de tudo, e nada brilha o suficiente , aqui onde eu estou, eu nem sei onde é, me tire rápido, antes que seja tarde e eu não consiga nunca mais sair e me perca no infinito desse silêncio ensurdecedor que me ofende... que me ofende...
                Eu, já tentei muitas palavras no passado mas, mas, mas o que? E perceber como a minha orelha ficou bonita naquela foto, pois sim.
                Todo o caminho que eu soube, não existe mais.  Apagaram.