[Não se deve Ler as frases guardadas nas casas quadradas]
Ensaio sobre um cigarro e uma janela.
Isso significa adeus [sopra uma doce baforada de cigarro de cereja]
[significativo]
Completamente [pausa] triste, com tendinite e olhos vermelhos.
Eu me despeço... [olhando para a câmera com certo ar cansado]
[discursa agora olhando um pouco para cima]
Os tempos parecem não serem muito favoráveis agora.
Eu colocaria roupas melhores, mas o que tenho é isso.
Eu colocaria sorrisos melhores, mas não tenho nada sobre isso.
Espero que não seja uma farsa.
Espero que você não esteja sofrendo assim, [clica os olhos, olhando para si, talvez até abaixe a cabeça]
Só assim explica o descaso, só assim entenderia o seu desastroso jeito de levar as coisas, mas acho que não sei mais entender.
Não é época de primavera, e eu lanço minha temporada de amor antecipado, procurando alguém que possa ser para mim, algo que nunca tive de lugar nenhum.
E mesmo sem ter tido qualquer romance degenerante, e agressivo...
Eu sofro igual, e machuco sem querer o coração de outros três.
Eu sinto muito meus descompassos, eu só queria qualquer coisa sobre viver, e as grandes curvas que isso remete, eu só queria entender melhor o espaço que ocupo, só entender melhor as coisas que penso, as coisas que bebo ardidamente, as coisas que agora parecem menos significantes, essas coisas tem tomado novas voltas, e o costume tem acontecido mais. [muitos minutos passam]...
Não sei se é evitável, ou se é passível e digno de cigarro e janela, mas aqui não tem janela, não vejo o sol, e nunca pensei que sentiria falta dele,o sol, [fala isso um pouco rápido, e depois vira a cabeça]talvez por isso não tenho recebido visitas, talvez aqui é a minha prisão, e eu cumpro minha sentença desesperado, rangendo meus dentes no sono, e percebendo como é difícil ser nesse mundo de coisas infalíveis, e desmontantes. [um pouco de dor na voz]
Percebo talvez nitidamente, com uma ironia de curinga, que as coisas tem segredos, e truques, percebo também com olhos cerrados, que não adiantaria ter feito diferente, tudo ficaria igual.
Trago o ultimo sopro do cigarro ruim, lembro um pouco do câncer, e me retiro de frente a janela sem paisagem, [agora o personagem se esquece que não é o narrador de sua própria história] descubro buracos no muro, frestas ainda sem luz, devo esperar até que se desmanche com as intempéries do tempo, e abra caminho para eu sair daqui. Vou enfim dar uma volta na grama, e beijar o lago.
3 comentários:
Os seus textos são os mais incríveis de todo o blogspot, assim como o seu chafariz.
Lipe se descobrindo escritor! Até eu fiquei com medo e... emocionado!
uia ...elogios de gente importante ...^^
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