10 de setembro de 2012

Giganta


Solto minha âncora, e aqui é onde eu vou ficar.
Turbulentas correntes e sereias.
Sereias gigantas, alienas.
Meu filme de terror continua, não sei mais onde se encontra o sussurro que me trouxe aqui.
Armei uma barraca em meio ao mar, desci minhas correntes e instalei minha ancora e fiz do nada o meu porto seguro, de águas infinitas, o meu olhar é uma solidão de tempos e o frio que sinto, gelar-me o osso, nunca me mata, o mar um dia tépido e quente ao mergulhar, me é hoje, uma baia de mansidão gélida e distante

Desci minhas correntes em pleno acostamento d’água e mergulhei no mar de asfalto, e percebi-me não vingado, perdi meu novelo e o meu destino raro, me sucedi atropelamento fútil.

Quero que seja claro o meu estar de estrelas e o movimento que tenho e sinto de uma corda que me pendura

Minha pesca não tem frutos, as carpas me enojam, e eu não como pedras, meu alimento é o sofrer que tenho, meu derivado movimento não é mais humano, eu não sou mais um dos seus seis ou sete, não sou mais um dos seus numerais, eu não sou nada, e como nada eu me encontro melhor, minha filosofia é outro entendimento, e eu sou mais peixe do que jamais eu fui em todo o meu existir.


Sou pior que as sereias de seus sonhos, sou giganta, os levo para o fundo do mar.

Eu não posso parar, minha caça existe e eu a planejo manter.

O grito é meu, eu sou o grito que te tinha levado, eu sou o grito que te sussurra todas as noites, sou giganta, e te levo.

Meu esconderijo de pedras é desequilíbrio de estar, e eu sou uma caça também, teu novelo e o meu canto se misturam e o desembaraçar de serpentes que meduzeiam minha virada, eu te olho e você se manifesta suspiro.

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