2 de outubro de 2013

Branco só



Queria um rosto sem máculas, mas como evitar, se tanto sofri da vida, sou velha de ossos, meus cabelos brancos dizem, o quanto me castigara o tempo, lavei muita roupa no morro em que vivi, no longe de Minas Gerais, e pensei que meus filhos iam ser doutor, tive dez, sei o nome de cada um, de cor, a idade não falha tanto, o mais novinho é Roberto, que larguei pra criar com uma madame da cidade, nunca mais o vi, se deus for bom, ele me voltará doutor, sou viúva duas vezes, mas casei certinho, na igreja e no papel, meu vestido eu mesma fiz, era de argodão mais branco que tinha, bati de lavá na cachoeira, é tiro e queda, roupa lavada na cachoeira branqueia que só. Branqueia que só...

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