18 de outubro de 2013

Elegia Amor



                Muitas vezes fui feliz aos poucos, hoje não estou pronto para futilidade alguma, quero o denso e o forte, quero poluir minha mente com a pior das filosofias, com a mais imbecil prosódia de éticas e crenças, estou pronto hoje para um drama sem fim, russo e violento, com sangue e vagens.
                Mesmo porquê, o que se tem para falar de pessoas? e não me interesso por tanta coisa.
                Sofro esses dias de paixão de primavera, meu coração esta mais do que pronto para amar alguém, e isso é um drama francês de primavera, com glacê.
                Estou com uma depressão importante. Me sinto cego, e ser cego não pareceu ruim, o que há para ver no mundo?
                Não sei sequencias de vida, não me é a primeira vez, que sou pego incompetente no improviso de viver.
                Resolvi esquecer minhas obrigações, veja:
                Eu agora tenho um silêncio em mim; O mantenho prisioneiro e dissolúvel, solitário silêncio, e o grito que dissipei ao longe.
                Manhãs de sol, vários movimentos circulam a terra, e o seus afazeres domésticos, esta além de teu entendimento, paciência de poucos, eu vi um homem nu, e vi a nudez de verbos, vi tudo que faz a terra girar, e as suas rotas ignotas, vi uma constelação e a noite!
                O que tenho deve se chamar amor, com seu trabalha silencioso de gritos, não o amor, o amor que tive e não este; O amor que eu nunca encontrei, mas existe inteiro em mim, silencioso. É isso que sinto e por isso posso muito morrer, o teu movimento morte, mar e breu.
                O que sou eu agora? Que grito? Alguma coisa entrou por debaixo da minha porta, seus movimentos em vultos frios, eu vi na escuridão do meu quarto um passo de gente, eu vi na infinitesa da sombra, uma estroboscopia que diligente me assusta e grita, eu vi tua absorção, e o movimento que fez, os giros que teve, toda a fração dos tempos, e que trabalhava com gosto; Preciso de ajuda para encontrar o caminho de casa.
                Não me sinto feliz, e a questão é a distração, me perco da vida, respiro devagar para saber que estou vivo, tento uma coisa nova, encher um pouco mais o pulmão empurrado pelo vazio do diafragma, e estou vivo, um pouco cansado, mas vivo, acontece que eu tenho medo de você, tenho medo de te amar mais do que devo, e não ser correspondido, tudo o que um amor precisa para ser real e verdadeiro é ser correspondido, quem ama sofre.
                E é um sofrimento de vagar, não me para o tempo, não me arranca prantos e não me detém, mas me lesa aos poucos,  e eu tenho muito medo.
                Pelo menos 30 crianças foram picadas por um escorpião em 2011, estamos então esperando o resultado de 2012, para sabermos se isso ainda faz parte de nossa cultura, ou se já podemos descartar a informação para 2013, 30 crianças, isso no Brasil.
                Queria a tua busca, sempre quero, quem foi que inventou a beleza, quem padronizou? sei que cachorros sabem das coisas porquê nascem guiados pelo instinto, e seguem a vida toda assim, ou não, na verdade não sei muito de cachorros, mas sei de gente, acho até que sei bastante, vejo muito sobre pessoas.
                Amar é coisa de gente, decidir o amor, e a paixão, e os movimentos que isso tudo leva, é particularmente humano, me sinto melhor quando escrevo, do jeito que escrevo.
                O que tenho a dizer afinal? não é muito, não lhe mudará a vida, não lhe trará muito entendimento, quero desconstruir, você me entenderá na desconstrução e eu serei mais completo até, serei.
                Gosto muito de jogar água fria na frigideira bem quente, o estado de graça que ela se faz é vivo.
                Que eu não fui te ver hoje, e foi de propósito, queria sentir saudade, e queria que você sentisse falta de mim, não sei se sentiu, e agora sofro lentamente, nada me impede seguir o curso natural, mas, me aperta um pouco, ou não sei bem o que eu digo, não sei bem também porquê não te procurei, mas estou com saudade, ou não é saudade, é arrependimento, e carência.
                E como somos bregas, me sinto bem seco na parede, de um quarto de hotel, com decoração dos anos noventa, e vivi assim, entre milhões de sombras que criei de ti.
                Fale de mim, se você quiser; Meu deleite é ver-te me folheando a tarde, e o vento te empurrou leve nessa frase, e tudo era opaco, você estava sentado num balanço, meus olhos fecham, como se fosse uma possibilidade de morrer muito logo, ou coisa parecida, o susto que dava, era uma cena de amor ou coisa bem parecida, coisa bem parecida.
                Se morrer, vou para o Sol, meu verdadeiro lar, vou remorar em mim.



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